Notas do Subsolo de Dostoiévski

É um romance que mostra a fragilidade humana e de como somos paradoxais. O protagonista anti-herói está mergulhado em delírios, rebeldia e recalques e não consegue sair deste labirinto;

“ Sou um homem doente... Sou mau. Não tenho atrativos. Acho que sofro de fígado. Aliás, não entendo bulhufas da minha doença e não sei com certeza o que é que me dói...”

A racionalidade que nossa sociedade tanto preza, em Notas do Subsolo mostra como ela é quebradiça e que o indivíduo moderno à deriva nas grandes cidades, sem família e identidade.


“ Não sei, não consegui ainda solucionar isso, e naquele instante ainda menos do que agora eu tinha condições de entender o que se passava comigo. Sem tirania e poder sobre alguém eu não posso viver... Mas... mas, com racionalização, não se pode explicar nada e, conseqüentemente, é inútil racionalizar.”


Enfim, esquecemos de viver a “vida vivida” e nos perdemos em construções e mecanismos racionais pela busca de superioridade me relação ao outro. O protagonista do livro tenta o tempo todo fazer isto, mas sempre fracassa.

É um crítico feroz da sociedade em que vive, todavia, ao mesmo tempo, almeja estar inserida nela. Muitas vezes, suas críticas são despeitos e ele assume isso em vários trechos.

“ Eu sei, vão me dizer que isso é inverossímel- alguém ser assim tão mau e idiota como eu me mostrei.”

Realmente, quem nunca passou por isso? Notas do Subsolo é um ensaio sobre a alma humana. Em muitos trechos, reconheci-me como se tivesse me olhando no espelho. Lê-lo é um aprendizado sobre si mesmo e esta tal de “Humanidade” na qual vivemos.

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