EDITAR-SE
Não sou bom
em tecnologia, só agora( estou com o aparelho há um ano) descobri que meu
celular edita fotos. Então, comecei a mexer nos meus retratos.
Comecei a
pensar que esse processo de cortar os “ defeitos” e enaltecer as virtudes não é
só usado na fotografia, mas a vida inteira. Principalmente na arte da sedução,
que se exibe sempre a versão melhorada da pessoa.
Porém, isso
é justo? Porque quando se interfere na imagem, pode se tornar outro. Por
exemplo, só mostro o lado que considero bom de mim, a outra pessoa concluirá
que sou do jeito que estou mostrando. Mas, quando conviverá comigo, verá que
não sou o que eu disse ser.
Sou
mentiroso? Talvez a questão não seja tão simples assim. Li uma citação de
Sartre: "O
homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que
poderia ter.".
Não sei se
interpretei direito, mas a citação mostra que a formação da existência humana
não se constrói no que homem é na realidade, mas, sim, na idealização do que
ele quer ser ou no que poderia possuir, se fosse escolher outro caminho.
Quando nos editamos, muitas vezes não
estamos mentindo, mas expomos o que desejamos ser ou que poderíamos nos tornar.
Quem sabe, o interessante é juntar a realidade, o ideal e a
possibilidade, para revelar nossa verdadeira essência.
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