UM CONTO DE NATAL DE CHARLES DICKENS( 1843)




No dia 24 de dezembro assisti Os Fantasmas de Scrooge e percebi que é uma adaptação de uma pequena obra bem famosa, Um conto de natal. Comecei a pensar que sempre assisti várias versões cinematográficas da história de Dickens e nunca a li.

Deu-me vontade de conhecer o conto e procurei na estante até encontrar o livro de bolso que comprei anos atrás. No outro dia, inicie a leitura.

O enredo todo mundo conhece:

Ebenezer Scrooge é um homem avarento que odeia o Natal.  Numa véspera de Natal, Scrooge recebe a visita do fantasma de seu ex-sócio Jacob Marley.  Ele diz que seu espírito não pode ter paz, devido a sua falta de generosidade em vida. Entretanto, diz ao Scrooge, que tem uma chance de fugir da condenação eterna. Para isso, três espíritos o visitariam.

A história do conto é bem atual, pode-se passar em qualquer época ou lugar. Fala dos verdadeiros sentimentos natalinos como a generosidade e a bondade, os quais muitos esquecidos pelo egoísmo e a falta de escrúpulos de muitos por aí. Consequentemente, há várias passagens no livro que relatam a pobreza das pessoas, vielas escuras em que ficam os mendigos e que tentam fugir do frio.

Num trecho que argumenta a questão da religiosidade, quando Scrooge pergunta para o espírito presente por qual motivo limita “as ocasiões que essa gente pobre tem de se divertir de um modo inocente.”. Então o espírito diz:

" Há certas pessoas na sua terra", respondeu o fantasma, " que pretendem nos conhecer e cometem em no nosso nome seus atos de paixão, orgulho, malevolência, ódio, inveja, mesquinharia e egoísmo. Essas pessoas, no entanto, estão tão longe de nós e de toda nossa espécie quanto estariam se nunca tivessem vivido. Lembra-se disto, e ponha a culpa nelas, e não em nós."

Dickens resgata na narrativa a essência genuína da época natalina e como podemos estendê-la para acabar com a miséria tanto física como da alma.

Mesmo leve e com um final feliz, não deixa de ser uma reflexão sobre a redenção e a generosidade.

***

Curiosidade... Achei esse texto no livro:

" Em toda ação humana, quase por necessidade, ocorrem erros; porém onde surgem mais facilmente e com diferentes formas, é na impressão dos livros; e não posso imaginar outra coisa onde possa haver mais. E parece-me que a empresa de corrigi-lo se possa comparar com a luta de Hércules com a Hydra das cinquenta cabeças: por um lado, assim como quando com seu valor e força, cortava uma, nasciam duas, da mesma forma, no entanto com conhecimento e diligência se corrige um erro, quase sempre surgem não dois mas três ou quatro, com frequência e maior importância do que tinha o primeiro."



Esta declaração é extrato do prefácio do tipógrafo Cavallo da obra de Achille Fazio Alessandro, impressa em Veneza em 1563.

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