FELIZ ANO NOVO DE RUBEM FONSECA





É um livro de contos publicado em 1975 e que foi censurado na época da ditadura. Não é para menos, o conto que leva o nome do livro é um soco na boca do estômago. A história narra uma invasão de marginais numa festa de final de ano numa casa de grã-finos, causando várias cenas de violência.

Os outros contos relatam personagens marginais, mesquinhos, sofridos e loucos que transmitem valores invertidos do status quo da sociedade da época. Principalmente, na década de setenta do século passado.

Em minha opinião, os contos são atuais, mas se deve levar em conta o contexto histórico do Brasil da época, onde o falso moralismo da ditadura imperava. Rubem Fonseca usa a violência e o sexo como forma de construir um estilo literário que choque e faça os leitores pensarem sobre o que acontecia naquele momento como, por exemplo, a hipocrisia, a crueldade das desigualdades sociais e o sadismo de uma burguesia que usa os outros como se fossem acessórios, principalmente, para obter prazer. O conto Passeio noturno chamou-me a atenção a crueldade de um homem de negócios e pai de família, que sai de noite para atropelas as pessoas. Este outro lado da natureza humana, assustou muito os poderosos da época, que sentira uma estranha repulsa. 


“ Suspender Feliz Ano novo foi pouco. Quem escreveu aquilo deveria estar na cadeia e que lhe deu guarida também. Não consegui ler nem uma página. Bastaram meia dúzia de palavras. É uma coisa tão baixa que o publico não devia tomar conhecimento.” Senador Dinarte Mariz. Folha de S. Paulo, 7.1.77.


O autor utilizou a crueza para levantar a poeira escondida do tapete. Não utilizou os subterfúgios da metáfora e artifícios subliminares. Também, mostra como a sociedade produz monstros que assustam como bichos papões as  "famílias de bem".

Seus contos são cinematográficos e ele consegue passar sua bagagem cultural sem ser pedante. Textos enxutos e impactantes são características de Rubem Fonseca, tornando uma referência na literatura contemporânea.

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