QUEM É DIADORIM?



Diadorim é Reinaldo, amigo de infância de Riobaldo e filho de Joca Ramiro, chefe de um bando de jagunços. Uma esfinge que não se conta de si mesma. Vive o coletivo do seu grupo de cangaceiros, amigo de Riobaldo e um soldado fiel ao seu superior.



Ao longo do romance, não sabemos o que ela pensa realmente. Mas, será que ela tinha consciência de si mesma? Homem-soldado-valente é o que aparece na narrativa e só no final revela-se que era mulher. Firme em seus princípios e o código de honra torna-se um personagem que desempenhava com eficiência seu papel.



Entretanto, a geografia do seu interior continuou intocada, permitindo os leitores imaginarem quem foi Diadorim. Como Riobaldo, podemos nos sentir enfeitiçados por ele-ela, pois destemido, fechado, de feições finas e delicadas, impressionava Riobaldo e exercia sobre ele grande fascínio: "Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego".



De repente, me lembrei de outra figura que sempre instiga as pessoas: o quadro de Mona Lisa de Leonardo da Vinci. O quê ela pensava que deu aquele sorriso, será que foi espontâneo? Ou simplesmente a mando do artista? No caso da Capitu, traiu realmente Bentinho?



Essas perguntas não terão respostas, mas para que tê-las. É tão mais proveitoso transformar estas questões em sonhos e que embalam nossas noites de sonos e inspirações. Diadorim, por exemplo, pode se transformar numa bela quimera, já que é um dos personagens mais enigmáticos da literatura.
 
Crônica escrita em 10/04/2011

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