MAIS CIVILIDADE E URBANIDADE
Quando
estava saindo da minha vila, em plena calçada, uma bicicleta quase me atropelou
e o ciclista ficou de cara feia, como se eu estivesse errado. Realmente a
inversão de valores é devastador e corriqueiro no Brasil. Ninguém respeita o
espaço público e o individual, vivemos numa sociedade egocêntrica e egoísta.
Outra
consideração, tudo bem que a ciclovia é para os ciclistas e a calçada para os
pedestres( pelo menos na teoria e na zona sul), mas, no caos da zona oeste do
Rio de Janeiro( Tirando Barra e Recreio, onde os moradores fazem lavagem
cerebral para convencer que pertencem à zona sul) não ocorre deste jeito, já
que carros e barraquinhas de comida invadem calçadas e ciclovia. Logo, os
pedestres são OBRIGADOS a caminhar na ciclovia. Aí, têm ciclistas que ficam
"putinhos" e buzinam para sair da frente. Minha vontade é falar para
eles que se desejam correr, vão à ciclovia da orla da zona sul, Barra e
Recreio.
Queridos,
esta ciclovia que fizeram aqui( em Jacarepaguá) é fajuta! Por isso, quero fazer
um pedido, MAIS CIVILIDADE E URBANIDADE. Só assim adquirimos melhor qualidade
de vida, principalmente, para exigir das autoridades obras que ajudem nossa
cidade e a gente mesmo.
***
“Vagabunda, aqui não é Amsterdã"
Carta aberta para o senhor motorista de uma Hilux
branca que passava pelos entornos da Faria Lima na manhã desta segunda-feira.
Este senhor achou prudente me dar uma lição quase me
atropelando de propósito só para me assustar, já que eu estava bloqueando a via
dos carros com a minha – ENORME – bicicleta parada ao lado direito da via
enquanto o sinal estava fechado. Esta carta vai para ele que, ao me ver quase
caindo no asfalto, abriu a janela e gritou “vai lamber as bolas do prefeito,
vagabunda! Aqui não é Amsterdam”.
Caro, muito obrigada por me lembrar que aqui não é
Amsterdam. Infelizmente eu tive essa percepção um pouco antes de você gritar
esta informação porque o grau de educação das pessoas de lá não permitiria que
agissem da forma como o senhor agiu. Aliás, se o senhor pesquisar um pouco, bem
pouco, saberá que hoje em dia, a população de Amsterdam aderiu o uso da
bicicleta como meio de transporte para diminuir o número de acidentes de carro
que, só em 1971, somou mais de 3300 mortes sendo 400 delas de crianças. Como o
senhor pode notar, a preocupação com a vida das pessoas lá em Amsterdam já era
bem mais consciente do que a nossa, aqui no Brasil, em 2015.
Em relação ao termo “vagabunda” utilizado pelo
senhor para se dirigir a mim, afirmo que foi empregado da maneira errada. O
senhor pode consultar em qualquer dicionário o significado desta palavra que,
para homens significa “quem vive no ócio” e para mulheres “quem tem muitos
homens”. Veja bem, como eu utilizo a bicicleta para chegar no meu trabalho de
forma mais rápida e saudável, logo eu não vivo no ócio. E não vejo relação
nenhuma entre andar de bicicleta e ter muitos homens (o que, realmente, não diz
respeito ao senhor).
Visto estes dois pontos, gostaria de fazer mais uma
observação sobre “lamber as bolas do prefeito”. Em primeiro lugar, o fato de eu
optar por ter uma qualidade de vida mais saudável não tem absolutamente nada a
ver com a minha posição política. Em segundo lugar, se em uma pesquisa eu
constatei que da minha casa para o meu trabalho eu levo uma hora de carro, 40
minutos de ônibus, 30 minutos caminhando e 15 de bicicleta, não vejo razão
nenhuma para escolher o mais demorado e que prejudica ainda mais o trânsito de
outras pessoas que não têm a mesma facilidade de trabalhar perto de casa e
utilizam o carro (o que pode ser o caso do senhor).
E por fim, quero dizer que é por culpa de indivíduos
como o senhor que, muitas outras pessoas têm medo de optar pela bicicleta como
meio de transporte. Essa conscientização não tem a ver com política, mas com
qualidade de vida. Pessoas estão escolhendo ir de bicicleta porque já notaram
benefícios físicos e emocionais que este exercício promove. A sua atitude
diminui a minha esperança de ver o Brasil como um país melhor para as pessoas,
um lugar com menos “umbiguismo” e mais colaboração coletiva, um país mais
consciente sobre qualidade de vida e do impacto disso para nosso bem estar, um
lugar que, poderia ser MUITO MELHOR que Amsterdam, mas que ainda tá lá atrás
por culpa de pessoas com a mentalidade igual ao do senhor.
Espero que o senhor tenha chegado bem ao seu
destino.
Passar bem!
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