SIDARTA DE HERMANN HESSE
É uma história de busca, principalmente, de autoconhecimento. Sidarta almejava percorrer seus próprios caminhos e aprender sobre si e o mundo, sem ser guiado por ninguém. Por isso, saiu de casa e passa por várias experiências para se descobrir.
Recordei-me
muito de um livro do mesmo autor: Demian. O livro narra a história de um jovem(
Emil Sinclair) criado por pais devotos, mas, que se vê em um mundo bem distinto
àquele dito por seus pais. “Queria apenas
tentar viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Porque isso me era tão
difícil?”. Os dois personagens dos dois romances buscam a verdadeira
inteireza do universo, que é diverso-una. Porque quando observamos com
profundidade os fatos, percebemos várias camadas que se juntam e formam o
inteiro imensurável.
Em
Sidarta, o protagonista está em todo tempo em transformação. Como já mencionei
antes, quer viver independente, por isso percorre caminhos mais difíceis e
sempre se desvia do cômodo de ser um esterno discípulo de alguém que nunca
questiona seu mestre.
Hermann
Hesse mergulha na sabedoria oriental para mostrar outro olhar sobre o mundo.
Diferente dos intelectuais ocidentais, que geralmente tomam atitudes soberbas e
utilizam referências bibliográficas para legitimar seus discursos, o escritor
através do romance Sidarta mostra que a sabedoria não se encontra somente nos
livros, mas na natureza. Inclusive, não adiante focar na procura na busca do
conhecimento e esquecer-se das coisas simples da vida. Há um trecho que Sidarta
conversa com um amigo de infância (Govinda) sobre isso:
“- Quando alguém procura muito.-
explicou Sidarta.- pode facilmente acontecer que seus olhos se concentrem
exclusivamente o que quer que seja, tornando-se inacessível a tudo e a qualquer
coisa porque sempre só pensa naquele objeto, e porque tem uma meta. Mas achar
significa: estar livre, abrir-se a tudo, não ter meta alguma. Pode ser que tu,
ó venerável sejas realmente um buscador. Já que, no afã de te aproximares de
tua meta, não enxergas certas coisas que se encontram bem perto de teus olhos.”
Enfim,
Sidarta evidencia que a procura do autoconhecimento não está só nos saberes
escolar ou conhecer as doutrinas que nos antecedem por gerações, mas sim não
deixar de perceber as coisas simples da vida. Ao observar a diversidade,
encontraremos o Om: “ o presente, o passado e o futura.”, a unidade.
“ ...Suavemente ressoava o canto
das inúmeras vozes do rio. Sidarta olhava as águas e na corrente surgiam
imagens: parecia-lhe o filho, também ele solitário, a percorrer avidamente a
pista abrasada dos seus desejos juvenis. Cada qual tinha os olhos fixos na sua
meta; cada qual andava fanaticamente atrás do seu desígnio; casa qual sofria, O
rio cantava com voz plangente. Cantava saudades. Angustiado, dirigia-se à sua
foz, e sua voz soava melancólica.”
Talvez
se tivesse lido esse livro anos antes, teria outra leitura ou nem ligasse muito
para ele. Mas, estou num momento que se identifica com o romance. Estou em
busca da minha individualidade tão diversa e não quero seguir nenhum “guru”.
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