CAPITÃO SAIU PARA O ALMOÇO E OS MARIHEIROS TOMARAM CONTA DO NAVIO. Charles Bukowski. ( Cronica escrita em 2007)
Sempre
quando posso, para no jornaleiro para ver se acho um livro de bolso
interessante. Quando li este título extenso e o nome do autor, me recordei que
havia lido A MULHER MAIS LINDA DA CIDADE E OUTRAS HISTÓRIAS , publicado pela
mesma editora e do mesmo escritor. Os contos faziam uma crítica à sociedade
americana e os personagens que viviam na marginalidade.
Charles
Bukowski nasceu na Alemanha, viveu muitos anos nos Estados Unidos e morreu em
1994. Era polêmico e avesso ao “ mundo de celebridade de Hollywood”, escrevia o
que dava vontade. Em CAPITÃO SAIU PARA O ALMOÇO E OS MARINHEIROS TOMARAM CONTA
DO VAVIO foi o seu último livro. A estrutura da narrativa é como se fosse um
diário, em que narrava seu cotidiano e os pensamentos relação à escrita e ao
mundo: “...Nunca quis fama ou dinheiro. Quis escrever do jeito que queria, só
isso. E tive que escrever ou ser tomado por algo pior que a morte. Palavras não
como preciosidades, mas como necessidades. No entanto, quando começo a duvidar
da minha capacidade de trabalhar a palavra, simplesmente leio outro escritor e
então sei que não tenho que me preocupar. Minha competição é só comigo mesmo:
Fazer direito, com poder, força, deleite e risco. Se não esqueça.” . Não poupou
ninguém com suas críticas e análises. “ Por exemplo, todos os dias, volto do
hipódromo apertando o rádio em diferentes estações, procurando música, música
decente. Tudo é ruim, insípido, sem vida, sem melodia, indiferente.”.
Deste
último livro de Charles Bukowski, tive a impressão dele ser uma pessoa
contraditória e singular. Por um lado, detona a sociedade de consumo e o
sucesso, por outro critica os que se consideram intelectuais. Ao longo de suas
reflexões percebe-se que tem uma vasta carga de leitura, que é mascarada por
uma linguagem coloquial, palavras ditas chulas e uma abordagem do cotidiano
efêmero. Falava mal das “ modernidades de hoje em dia”, em algumas passagens
havia um clima depressivo e a consciência que a morte estava próxima. Mas, ao
mesmo tempo, gostava de escrever no computador e achava até inspirador. Diferente
de seus editores, que consideravam o computador “destruidor” da aura artística.
.
Enfim,
foi interessante conhecer um pouco esta figura peculiar, controversa e
sarcástica Charles Bukowski.
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