GAFANHOTO
Deitado na cama. Vejo-o na porta antiga de ferro da varanda do quarto, está imóvel e grudado na grade. De repente, sinto uma paranoia dos tempos modernos: Será que é uma câmera? Alguém quer filmar a minha intimidade? Bato com o dedo no vidro, ele balança as antenas. Parece ser bicho mesmo. Não gosto de me sentir observado. A privacidade é uma coisa valiosa para mim, tantas famílias que moram em casas muito pequenas, em que uma cama dormem três pessoas ou um casal precisa sair para o quintal de madrugada para transar, porque os seis filhos estão no mesmo quarto. Como estas pessoas conseguem ser felizes? Mesmo que tente desvencilhar-me dos valores burgueses, continuam a exercer uma influência forte em meus pensamentos. Barulho de chuva, vento balança o sino de estilo oriental, agora, em todas as casas há estes sinos. Quando era criança, só os via nos filmes em que mostravam mansões em frente à praia, hoje em dia, é uma coqueluche, todas as casas que vejo, tem um fazendo barulhinhos. O vento bate na janela. Sempre achei o ruído do vento melancólico e me remete a um romance inquietante: O MORRO DOS VENTOS UIVANTES. Penso nos meus blogs, que são experiências e esboços. Escrevendo-os, não revelo a minha intimidade? Talvez... Contudo, mostro o que quero. As outras passagens só dizem respeito a mim. Existem sentimentos e pensamentos que não podem ser escritos, devem morrer e apodrecer comigo.
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