KIKO
Os animais de estimação são de certa forma uma aprendizagem de como nos iremos relacionar com o outro na fase adulta. Os sinais de amores obsessivos ou falta de apatia surgem nessa primeira etapa e os pais precisam ficar atentos de como as crianças lidam com seus bichinhos.
Sempre fui contra passarinho na gaiola e ainda mais cortar as asar para ele não fugir. Ponho-me no lugar dele, já pensou uma raça superior corta nossos braços ou pernas com finalidade de sermos seus animais de estimação? Sinto calafrio na espinha. Porém, a vida me pregou uma peça...
Minha sobrinha quis ganhar de presente uma Calopsita. Fui contra, mas não posso impor minhas convicções. Então, veio o Kiko e, ao longo do tempo, vem ocupando um espaço nos nossos corações. É muito carinhoso e anda por toda casa.
Porém, às vezes, dá-me remorso de saber que cortaram sua asa. Será que não seria mais feliz, solto na natureza? Que amor é esse que nós temos de acharmos que os outros animais estão mais protegidos com a gente? Vejo-me algoz, que não maltrata, mas domina através do carinho e uma aparente segurança.
Por outro lado, jogá-lo na natureza, Kiko morrerá. E sempre está nos seguindo e se fazendo presente. Será que pensa que é gente? A única certeza que tenho é que Kiko faz parte da família agora.
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