Deixa o tempo transcorrer tranquilamente...
Deixa o tempo
transcorrer tranquilamente...
Quando era criança,
gostava de brincar com bonecas. Havia certas pessoas que não tinham nada a ver
comigo e se intrometiam, falando que não era “coisa de menino”. Meus pais
sempre pegavam no meu pé em relação aos estudos e de ser um cara responsável,
entretanto, nunca se meteram na minha vida pessoal e os admiro muito por isso.
Inclusive, sempre cuidaram da própria família, nunca fizeram fofoca de ninguém
e nem dos filhos dos outros. Este foi o maior ensinamento que me deram, além de
que se deve respeitar alguém não pela conta bancária ou pelo diploma de
faculdade e sim pelas boas atitudes.
Uma vez, um parente
distante me fez enterrar todas as bonecas e ursinhos que eu brincava. Eu tinha
quatro anos na época e me arrependi e desenterrei um a um, sujando o banheiro.
Minha mãe nem brigou comigo, pois percebeu que eu estava transtornado, senti que
cometi um crime terrível. O tempo passou e me assusto cada vez mais com as neuroses
dos indivíduos. Ficam colocando medo nas crianças e não as deixam livre para
descobrirem a sexualidade naturalmente. A violência simbólica é tão traumática
que a física. O ato de fazer com que uma criança enterre seus brinquedos
prediletos é tão quanto abusivo que um tapa.
Por isso, existem muitos
indivíduos recalcados e com complexo de inferioridade por aí. Pois, ficam
presos para atuar um papel social e não se aprofundam na própria existência com
a intenção de encontrar a individualidade. Vivem castelos ilusórios de nada e
quando encontram uma dificuldade na vida, ficam desnorteados. Acreditam
piamente que a vida é certinha e lógica, “sabem de nada, inocentes.”. Como diz Guimarães Rosa ( Sei que repetir
esta citação é clichê demais, tem um monte de gente que a cita várias vezes,
mas, ela é “fodástica”...) “viver é perigoso”. Não se pode prever o que acontecerá
no próximo milésimo de segundo.
Queridos, não adianta
colocar rótulos, uma vez que a natureza humana é vasta e diversa. Talvez, um
menino que pega numa boneca e uma menina, numa bola, muitas vezes, pode não
significar nada. Deixa o tempo transcorrer tranquilamente.
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