Na Praia de Ian McEwan
À primeira vez que ouvi falar deste livro foi em um programa da Saia Justa, apresentado pela Monica Waldvogel, se não me falha a memória... Bem, ela falou um pouco sobre o livro e me interessei. Anos depois, consegui baixa-lo para ler.
O romance começa,
quando Edward Mayhew e Florence Ponting, respectivamente virgens e educados, hospedam-se
em um hotel na praia, para celebrar sua noite de núpcias. Ele é um rapaz
recém-formado em história, de origem provinciana, cuja mãe é deficiente mental,
e o pai é professor secundário. Ela é uma violinista promissora, líder de seu
próprio quarteto de cordas, filha de um industrial e de uma professora
universitária de Oxford. Além de suas histórias de vidas interiores, viviam num
contexto histórico que os influenciam de alguma forma suas respectivas
personalidades. Casaram-se no início
dos anos sessenta do século vinte, antes da revolução sexual e a quebra de
tabus no final dessa década. Ainda apanharam a influência do conservadorismo e puritanismo
britânico, que visavam o respeito e recato nas relações sociais, não se
preocupando com a essência dos indivíduos.
Em várias partes do livro, as descrições dos moveis e aposentos são
definidos por serem pesados e antigos. O desajeitado encontro íntimo deles, ainda
marcados pelos resquícios da repressiva moral vitoriana, é abarrotado de experiências
cômicos e comoventes, que mudarão o
destino de ambos.
Logo, o que era para
ser um paraíso, a lua de mel, torna-se um verdadeiro desastre. Edward desejava
consumar o amor que sentia por Florence
e ela apesar de amá-lo sentia repulsa quando ele a tocava. Na verdade, o casal
vivera numa incomunicabilidade, uma vez que idealizaram a relação que possuíam.
Representaram um para o outro para satisfazer à sociedade da época. E quando descobriram
isso, ficaram à deriva e pequenos mal-entendidos e ofensas bobas ser transformaram
em tsunamis em copo d´água, os quais que só o tempo mostrará que foi tudo
bobagem.
Realmente, o enredo do
livro é envolvente e o que me chamou a atenção, também, foi que o romance é de
poucas páginas e mesmo assim mostra uma história coesa e que nos leva a pensar
sobre o sexo não como um simples ato sexual, mas um fato social repleto de
símbolos construídos a partir dos valores de uma época. Outro fator que deixou
a leitura do livro bem interessante é uso do Flashback, com o intuito de narrar
a história dos protagonistas e o narrador em terceira pessoa alternava a
perspectiva de Edward e Florence.
Na Praia reafirmou
ainda mais a ideia que tenho sobre como devemos procurar nossa individualidade e
não ficar na superfície de desempenhar papéis sociais, pois assim, tornar-se-á alguém
perdido que se assemelha a uma barata tonta. Enfim, a verdadeira revolução vem
do autoconhecimento.
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