À SEGUNDA VISTA
O poeta Zizo confecciona um pequeno tabloide
anarquista. Ele vive no subúrbio da
cidade de Recife, e criticando as classes sociais mais altas, seu cotidiano é
cercado de sexo, drogas e muita poesia que inspira a vida de seus amigos e
vizinhos. Zizo queria conscientizar os
“miseráveis” de suas condições e pregava a anarquia, já que era contra as
instituições de poder.
Na primeira vez, quando quis assistir FEBRE DO RATO,
não consegui. As cenas de sexo e os diálogos me enojavam, apesar da bela
fotografia em preto e branco e a excelente interpretação dos atores. Alguns
participaram de “novelas globais” e nem se importaram com exposição do corpo no
filme. Desisti, pois, não aguentei de ver o grotesco das promíscuas relações
sexuais, os personagens pareciam bichos. Então, deixei passar o tempo e assistir
ao filme de novo.
Tempos depois, ao revê-lo novamente, compreendi que as
cenas cruas e nauseantes de FEBRE DO
RATO não eram gratuitas, havia uma proposta de mostrar como os personagens eram
contra o status quo da sociedade, que é conservadora e elitista. Não sei se
estou correto, FEBRE DO RATO não usa classicamente a dialética entre ricos,
pobres e como estes devem reagir. Foi
além, abordando a questão de gênero e a liberdade de amar-transar sem limites.
Assim sendo, viviam à margem da sociedade e a única
lei que seguiam era do desejo. Mas, apesar de entender o contexto do filme, não
consegui gostar dele. Reconheço que é um filme de qualidade artística e bem
feito, só que não me afeiçoei a ele. Diferente de outros filmes que nos marcam
na alma.
Também, esse lance de promiscuidade não me agrada
muito. Liberdade sexual não é isso. Há tantas doenças sexualmente
transmissíveis, será que vale a pena segundos de gozo e, em seguida uma vida de
sofrimento? Eu acho que não.
***
Curiosidade... Pesquisando sobre o filme, descobri
que o diretor Cláudio Assis fez Baixio das Bestas( 2007), outro filme que é um
soco na boca do estômago. Foi a sensação que tive, quando o vi.
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