A História Oficial (1985) e Ele está de volta (08/10/2015)



"...compreender a história é se  preparar para  compreender o mundo.  Nenhum povo pode sobreviver sem memória e a História é a memória  dos povos".

Os dois filmes, apesar de serem estilos bem diferentes, levaram-me a pensar sobre a memória e o papel da história para a manutenção desta.

No filme argentino de 85, conta a história de uma professora de história de classe média que vive uma vida aparentemente perfeita. Seu marido é um executivo bem sucedido e possui uma filha adotiva adorável. Mas, tudo desmorona, quando em uma conversa com uma amiga ex-exilada, descobre a violência da ditadura militar Argentina ( entre 1976-1983). Logo, ela desconfia das origens da filha. 

 O que achei mais interessante no filme foi a transformação da protagonista. Antes era uma professora austera e que só acreditava nos registros e bibliografias. Além de dar uma história muito distante sem fazer conexões com o mundo atual. Nas cenas primeiras do filme, ela se apresenta para turma e diz que "compreender a história é se  preparar para  compreender o mundo.  Nenhum povo pode sobreviver sem memória e a História é a memória  dos povos".  Esta parte é bem irônica. Pois, o que é a História Oficial, a narrativa dos vencedores, que fizeram coisas terríveis a fim de vencerem.

A professora vai da negação ao desespero quando descobre a verdade. Principalmente quando entra contato com as avós que procuram por seus filhos e netos, desaparecidos na repressão. O filme menciona a "Associação Civil Avós da Praça de Maio(Abuelas de Plaza de Mayo) é uma organização de direitos humanos argentina quem tem como finalidade localizar e restituir todas as crianças sequestradas ou desaparecidas pela ditadura militar argentina (1975-1983).". 

Aí, por meio desta história, percebe-se como muitas pessoas não tiveram conhecimento dos fatos. Ignorância ou medo de perder a vida e as pessoas que amam? Mas, se nega os acontecimentos nos tornamos cúmplices dos desmandos, também. A protagonista entra em crise moral e toma uma atitude que nada mais vai ser como antes.


O segundo  filme( baseado  em  um  livro) mostra como seria se Hitler fosse transferido para os dias de  hoje. Com tons de humor   e  com  uma linguagem de  documentário, o filme  vai mostrando como Hitler é atual. Isto é assustador, no presente, os mesmo erros são repetidos e Hitler conquista adeptos como no passado. 

Será por que isso acontece? Na verdade, a humanidade é a mesma, apesar do tempo. A hegemonia, a intolerância, a violência e o ódio são inerentes ao ser humano. Todos nós temos um pouco de Hitler dentro da gente.

Como no passado, ele foi considerado engraçado e tolo. Todavia, a onda foi crescendo e tudo se repetia. Comecei a fazer uma comparação com a situação atual política brasileira. Legiões apoiando políticos reacionários que chegam a ser fascistas e nazistas. Tem até gente que acredita que nessa época, Brasil era maravilhoso, sem miséria e que todos ainda corriam felizes nas colinas verdejantes. No final, senti que levei uma bofetada. Ainda somos os mesmos.

Enfim, recomendo estes dois filmes para pensarmos qual futuro que queremos. Não podemos reproduzir os mesmos erros do passado. 

Sei que o diálogo está difícil, mas, não podemos desistir.


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