A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO DÁGUA JORGE AMADO (1961)
Quando comecei a ler a novela, pensei que possuímos duas histórias íntimas: A oficial e a não oficial. A primeira é construída por registros como fotos, certidões e RG. A segunda, vem através da intuição, da imaginação e dos sonhos. Uma completa a outra.
A
história conta sobre as mortes de Joaquim Soares da Cunha, um cordato homem e
família e o vagabundo Quincas Berro Dágua, que são a mesma pessoa, entretanto
avessos. A família almejava regatar a imagem do homem íntegro, seus amigos de
esbórnia queriam fazer a última comemoração da existência de um grande farrista
e marinheiro que for Quincas.
Um
dia, já de meia idade, Joaquim Soares da Cunha decidiu largar a família e a
vida regrada para viver sua outra personalidade, a do vagabundo Quincas Berro
Dágua. Encontram-se justamente na morte, em que há uma disputa entre a família
e os companheiros do vagabundo.
No
início da novela, mostra a questão da imprecisão dos acontecimentos.
“ ATÉ HOJE CERTA CONFUSÃO em torno
da morte de Quincas Berro Dágua. Dúvidas por explicar, detalhes absurdos,
contradições no depoimento das testemunhas, lacunas diversas. Não clareza sobre
hora, local e frase derradeira.”
Então,
comecei a pensar sobre a História da humanidade, quantas interpretações existem
sobre os fatos. Será que a História oficial dá conta de tudo com seus registros
de documentos e fotos? Ou na realidade a memória afetiva de uma pessoa que viveu
a época, uma obra de arte ou o imaginário da cultura popular proporcionam uma
visão mais ampla sobre os fatos, discordando ou complementando a interpretação
dos acontecimentos.
As
versões que construíram do personagem Joaquim Soares da Cunha\ Quincas Berro
Dágua transformaram-se em um labirinto de espelhos, que leva ao questionamento
de quem foi ele ou o que aconteceu com suas duas mortes?
Confesso
não estava muito interessado de ler o livro, porém, quando comecei a ler,
percebi que a história tem um tema bem interessante e com um texto
simples, mostra que podemos ser diversos
e não únicos como a História Oficial
diz.
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