Sob a pele do lobo e A praia de Ian MecEWan
Depois de assistir ao
filme Sob a pele do lobo, não pude de deixar de me lembrar do livro A praia.
Em Sob a pele do lobo,
narra a história de um solitário que vive em um lugar remoto no final do século dezenove. Ele é
embrutecido, pois não tem contato com outras pessoas. Vive da caça, tira a
pele dos lobos para vender e usar como casaco e do que cultivava. Todo que fazia era destinado a sua sobrevivência, sem intenção de lucro. Um dia
resolve se casar e enganado pelo pai da noiva, casou-se com uma mulher doente e
grávida de outro. Quando ela morreu, o protagonista foi tirar satisfações com o
genro, o qual lhe ofereceu a filha mais nova.
A partir daí, o casal
não consegue se entender. Um abismo surge entre eles. O filme evidencia que
tanto um como outro são vítimas das circunstâncias e da época em que viviam. Ele
não tinha noção de que a machucava na hora do sexo e a jovem cada vez mais
tinha repulsa dele. Não darei spoiler, mas, ao decorrer do filme o personagem
principal tomará uma atitude nobre, enquanto a jovem fará de tudo para ficar
livre.
O romance A Praia começa, quando Edward Mayhew
e Florence Ponting, respectivamente virgens e educados, hospedam-se em um hotel
na praia, para celebrar sua noite de núpcias. Ele é um rapaz recém-formado em
história, de origem provinciana, cuja mãe é deficiente mental, e o pai é
professor secundário. Ela é uma violinista promissora, líder de seu próprio
quarteto de cordas, filha de um industrial e de uma professora universitária de
Oxford. Além de suas histórias de vidas interiores, viviam num contexto
histórico que os influenciam de alguma forma suas respectivas personalidades.
Casaram-se no início dos anos sessenta do século vinte, antes da
revolução sexual e a quebra de tabus no final dessa década. Ainda apanharam a
influência do conservadorismo e puritanismo britânico, que visavam o respeito e
recato nas relações sociais, não se preocupando com a essência dos
indivíduos.
Em várias partes do livro, as descrições dos moveis e
aposentos são definidos por serem pesados e antigos. O desajeitado encontro
íntimo deles, ainda marcados pelos resquícios da repressiva moral vitoriana, é
abarrotado de experiências cômicos e comoventes, que mudarão o
destino de ambos.
Por fim, ambas as
histórias expõem como a falta de comunicação entre as pessoas, inclusive nos
relacionamentos afetivos, geram a falta de entrosamento entre o casal. Pior,
como a ignorância e a falta de conhecimento e a sociedade preconceituosa das
duas histórias, provocam maus entendidos que causam danos irreversíveis aos
casais.
Sem conhecimento e o
pensamento reflexivo, nunca haverá a tolerância e a empatia ao próximo. Inclusive, nunca existirá um diálogo franco e
honesto entre os indivíduos.
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