O DIÁRIO DA QUEDA DE MICHEL LAUBE




Queria há tempos, ler um romance contemporâneo e que autor ainda estivesse ainda vivo.  Confesso que a maioria dos livros que já li, os autores estão já falecidos. Consegui baixar pela internet o livro e terminei de ler na semana passada.

Em forma  de diário e de anotações, o protagonista e narrador conta sua história, de  seu  pai  e de  seu avô, sobrevivente de auschwitz.  Através de suas lembranças, ele guarda um remorso  de  fazer  uma  brincadeira  de mau gosto com um coleguinha( João) não  judeu. Junto, com outros colegas, jogou para cima e não o segurou depois. A partir daí, começa a questionar os ensinamentos da escola judaica e a história  de seu avô,  contado pelo seu pai. Na escola judaica, o menino que sofreu um “acidente” não era judeu, foi perseguido e sacaneado.  

Tive a impressão que a narrativa foi espiral. Os fatos se repetiam, mas, um elemento novo era adicionado. Pois, quando o personagem já adulto lembrava-se do seu passado, ele tinha uma nova interpretação dos fatos do porque seu avô parecia alheio ao mundo( inclusive do nazismo), escrevendo  ideias como o mundo  deveria ser. As atitudes do pai e quando este ficou com Alzheimer.  Os desencontros com o amigo João e a sua fuga no alcoolismo. E como tudo isso interferiu na sua vida e em nos seus três casamentos.   

Além da forma, o bacana do livro foi a abordagem mais intimista sobre o tema tão debatido do nazismo e o holocausto, expondo as relações entre judeus e não judeus,  sobre o conflito de gerações e herança cultural.  

Passou longe do maniqueísmo e do vitimismo. Pelo contrário, questionou as atitudes de seu avô, pai e de si mesmo. 

Realmente, o romance é inesgotável de questões. Anos depois, quando o ler novamente, encontrareis outros aspectos que não percebi.

A quem se interessar, vale à pena dar uma olhada.      
     


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