Nós – Evgueny Zamiatin( 1924)
Já pensou em viver numa sociedade em que todos vivessem em casas de vidro, sem privacidade ? Sem ter o direito da privacidade individual? Ou habitar um mundo, onde não há nomes e que as pessoas são chamadas por números? Além disso, subjugado por um Estado Único, o qual proíbe qualquer coisa que saia do pragmatismo e a racionalidade? Osso duro de roer não é mesmo? Tudo isso acontece no romance distópico Nós, que inspirou George Orwell a escrever 1984.
O personagem principal D-503, era um
engenheiro e construtor da “Integral”, uma máquina que viajar pelo espaço num
curto espaço. Mas, D-503 manteve um diário,
inclusive, para compartilhar sua vivência com os outros povos quando
fosse viajar, na nave. Porém, ao encontrar
I-330, ele experimentou sensações que nunca sentiu. A partir desse momento, suas reflexões antes racionais,
pragmáticas e coerentes, começaram a ficar delirantes ao longo da história.
“ Mas , felizmente, entre mim e o oceano
verde erguia-se o vidro do Muro! Ah , a imensa , a divinal sabedoria dos muros,
das barreiras que servem de limites! O muro é, talvez, a maior de todas as
invenções.”( fls. 80)
Esta reflexão é bem contemporânea, já que
queremos reprimir nossos desejos e fantasias, na busca de segurança. Os muros
que se constroem ao longo da História servem para separar a civilização e
a barbárie. Além disso, o Estado Único era contra a fantasia, considerava-a uma
doença da alma. Tinha até uma operação intitulada “fantasioctomia”.
D-503 ao se encantar com os dentes afiados
de I-330 e um mundo novo que ela mostrou, percebeu-se um bárbaro também.
“Esta selva era em tudo parecida com
as florestas desconhecidas, impenetráveis e horrendas que se estendiam para
além do Muro Verde... e, ao mesmo tempo, tais florestas eram seres
extraordinários, incompreensíveis que falavam sem palavras...”(fls, 87)
No final do livro, D-503 não conseguiu
fugir do mecanismo de repressão do Estado Único, evidenciando como aos governos
autoritários suprimem o indivíduo. Evgueny Zamiatin em toda sua obra
literária criticou e satirizou o regime
comunista. Nós foi banido na Rússia durante muito tempo.
Mesmo que neste livro e em 1984
criticassem o autoritarismo do comunismo, percebi muitos elementos parecidos na
sociedade capitalista em que vivo. Inclusive, o condicionamento do estilo de
vida. Tanto os regimes capitalistas e comunistas são autoritários e suprimem o
indivíduo. Aí, vai ter gente que vai colar e copiar para mim o que é o comunismo.
Gente, eu sei o básico. Agora, pode se dizer que somos livros no capitalismo?
Qual é o conceito de liberdade? Consumir o que quiser, ter Iphone? Todavia, os
diretos básicos como saúde, educação e segurança. Os crimes políticos, sociais
e ambientas que assolam o mundo em nome da ordem e progresso? Vejam o caso
de Chernobyl e Brumadinho?
Foi usada em todos os regimes a propaganda
direta e indireta no cinema, na literatura e na arte em geral, para influenciar
a visão de mundo individual. A questão é entender que há diferença entre ideias
e regimes. O ideal do comunismo e do capitalismo é lindo, mas, os regimes são
imperfeitos. Visam exclusivamente poder hegemônico. Quando entra os egos dos
poderosos, FODEU( desculpa a palavra chula).
Vale à pena ler o romance para perceber
que não somos tão livres como pensamos ser, desde os gostos ditos pessoais até
os pensamentos políticos.
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