DE CIMA PARA BAIXO DE ARTUR AZEVEDO
Remexendo nas minhas coisas, encontrei um livro de contos
de Artur Azevedo, que foram
escritos e publicados durante os últimos
anos do
século XIX e os
primeiros do século XX.
Aí, teve um conto que me
chamou a atenção de primeira e, depois de ler, fiquei
perplexo pela atualidade da história:
De Cima para Baixo.
O enredo começa assim, o ministro chegou bastante irritado
por causa de um erro, o qual causou uma
situação desconfortável com o
imperador. Ele descontou no diretor
geral, que praticou a mesma coisa com se
subalterno... Resumindo, provocou uma reação em cadeia. Os que consideravam acima
da hierarquia, extravasava
nos inferiores até chegar
ao servente e como não tinha
ninguém para descontar, chutou seu cachorro. O bicho pagou “pelo
servente, pelo contínuo,
pelo amanuense, pelo chefe da seção, pelo diretor-geral e pelo
ministro!...”
Não tem como negar que a hierarquia ainda está muito presente
nos dias de hoje. Principalmente, nos valores da nossa
sociedade. Quanto mais longe do que se considera uma posição privilegiada,
irá se tornando invisível e marginalizado.
O outro se transforma num ser inferior, não digno
de empatia.
De certa maneira há uma crueldade construída
e legitimada pela
sociedade ao longo do tempo. Não é
só uma questão
patológica de existir
indivíduos ruins que cometem
atrocidades.
Viajando um pouco, comecei a pensar sobre a violência contra
mendigos, prostitutas, travestis, transexuais e
até animais. As agressões acontecem porque os alvos são reduzidos ao
nada na hierarquia social.
Portanto, existe a sensação se fazer o que quiser com eles. Se não reconhece o outro como igual
a você, não há empatia.
O tempo todo este
círculo vicioso de relações hierárquicas
de poder se perpetuam, provocando
desigualdades sociais, econômicas e
guerras.
Comentários
Postar um comentário