Mentes Perigosas - o Psicopata Mora ao Lado de Ana Beatriz Barbosa Silva
É muito importante para a democratização do conhecimento livros que servem como pontes para os conhecimentos acadêmicos ou científicos. Mentes perigosas faz parte deste gênero, uma vez que a autora em uma linguagem acessível mostra diversas teorias sobre os psicopatas e descortina alguns estereótipos do cinema, os quais pairam em nosso imaginário sobre a imagem de um psicopata.
O conhecimento acadêmico não deve só ficar nas universidades, mas sim fora delas e exposto a qualquer um. Agora, é óbvio que o indivíduo que lerá um “livro-ponte”, precisa ter bom senso de que é uma fonte primária e que se almeja se aprofundar mais sobre o assunto, deverá pegar as referências bibliográficas e até textos especializados.
A autora delimita bem qual a mensagem de sua obra, pretende que as pessoas abram os olhos e fiquem alerta para as pessoas más que existem por aí. Narra casos que evidenciam características psicopáticas, entretanto, diagnosticar um psicopata precisa-se de um olhar mais aprofundado. Por exemplo, os psicopatas adoram contar uma história de amor e sofrimento para se utilizar da compaixão alheia, adoram encontrar os pontos fracos de suas vítimas e enredá-las numa teia de mentiras e intrigas até tirar tudo e jogar fora depois e possuem a habilidade de inverter o jogo, colocando-se como e vítima e o outro, bandido. Ela frisa bem isto e conduz o livro com a finalidade de alertar a todos, já que ele deixa um rastro de destruição em suas vítimas e estas precisam de tratamento para lidar com os traumas.
No primeiro capítulo, há uma breve discussão sobre consciência. Lembrei-me da citação do filme Metrópolis: “O mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração.”. Estar consciente é ter capacidade de fazer o necessário, porém, ser consciente é pensar e sentir ou, melhor dizendo, razão e emoção simultaneamente influenciando em nossas atitudes, é isto que nos tornam humanos. Logo, o psicopata está consciente, só que não sente nada, como diz a autora “ coração de gelo”. São racionais, inteligentes, sedutores e impulsivos e fazem de tudo para conseguir o que desejam, sem pensar em ninguém. Interpretam uma música ou filme, todavia, não se emocionam. Ao decorrer da leitura, descobre-se que o este ser terrível nasce deste jeito, incapaz de ter empatia e se utiliza das outras pessoas como se fosse um vampiro. Detalhe, todo psicopata sabe o que está fazendo, não é um “doente mental.” e sim seu jeito de ser, um transtorno comportamental. Há estudos descritos no livro, que na parte do cérebro no qual é responsável para estimular as emoções, o psicopata em este lado desligado, diferente do “indivíduo normal”.
Logo, o paradigma de que um indivíduo será cruel ou problemática só porque nasceu numa família desestruturada será questionada. Para a formação de uma personalidade há um conjunto de fatores genéticos e sociais.
Mas, agora, não só os psicopatas que cometem crimes, a diferença está na culpa ou remorso que uma “pessoa comum” sente ao fazer algo errado, diferente dos primeiros. Inclusive, não são todos que matam, contudo, não significam que não causam danos. Por isso, a importância de diagnosticá-los e separá-los de outros presidiários, com a finalidade de quem pode ser recuperado para o convívio na sociedade quando for solto. Além, das decisões judiciais as quais precisam ser levadas em conta os laudos psiquiátricos. É uma questão de segurança pública.
Outro ponto que considerei importante foi sobre a solidariedade como sendo algo não social-humano, mas, também, biológico. Há bondade nos “animais irracionais” e como este sentimento contribuiu para a evolução das espécies. Não foi somente capacidade de adaptação ou força que algumas espécies sobreviveram a outras. O amor, empatia e a consciência se originam da natureza biológica e perpassa pelo DNA. É uma reflexão fundamental, principalmente, no mundo competitivo em que se vive.
A autora faz uma abordagem em relação aos valores da nossa sociedade e de como de alguns anos para cá está se valorizando o comportamento psicopata. Realmente, é só dar uma olhada rápida o que acontece ao redor. Motoristas que avançam sinais, gente que faz gato de luz para não pagar conta de luz entre outras ilicitudes. “Que se dane o coletivo, o que importa é o meu bem estar. “, é o lema de muitos hoje em dia. É um ambiente profícuo aos psicopatas, chega até ser um paraíso. Como já disse antes, a autora argumente que não são todos os psicopatas que matam. Há os leves e moderados que se espalham no mundo das corporações e na política, promovendo para todos nós que o importante é ter grana e poder, naturalizando a corrupção.
Deste modo, uma sociedade mais justa e de bons valores poderá inibir estes indivíduos de sangue frio e que infelizmente não tem cura. A mensagem do livro é um alerta para todos nós, para ficarmos de olho e não cair não mãos de um lobo em pele de cordeiro.
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