CRÔNICAS E IDEIAS DE DUDU OLIVA

  INCOERÊNCIA Ultimamente, ouço a cobrança de ser coerente com que pensa e age. Mas, será que o ser humano pode fugir da incoerência? Somos o que somos, o que almejamos ser e o que as pessoas pensam da gente. Estas três imagens se tornam conflitantes em muitos momentos e neste embate surge a incoerência. Já me percebi em várias contradições de pensamentos e ações. Sou hipócrita? Ou um indivíduo, o qual procura autoconhecimento para harmonizar o que sou, que que desejo ser e o que pensam sobre mim, tornando-me ainda mais coerente? Talvez, a coerência esteja em concluir que a natureza humana é incoerente. Precisa-se de paciência, conhecimento e humildade para continuar a jornada da coerência. É um trabalho diário.

 

 

  Por que precisamos de arte?  Por que não queremos só sobreviver, como outros animais?  Pelo contrário, sempre buscamos novas experiências. Somos inquietos e precisamos entender o absurdo da vida, para preenchermos os vazios de nossas existências.  A arte em geral é uma forma para se compreender e interpretar o que acontece. No filme, a plateia se questiona sobre o que vê..." É encenação ou realidade?". Não existe o espaço definido do palco e do público. Os espectadores vestiam máscaras e seguiam os atores.  Este jogo do que é encenado e realidade apimenta ainda mais o terror psicológico, tornando a história eletrizante.  Kadaver é um filme que aborda muitas questões sociais e existências, porém, possui muita ação. Não é uma película para um público somente. Quem quiser assistir, recomendo.

 

 

 

 

 

Série brasileira que acaba de estrear na Netflix Brasil, inspirada na série britânica Dead set. Confesso que não gostei dos primeiros episódios, apesar da excelente caracterização dos zumbis e os efeitos especiais. A interpretação dos atores estava meio forçada e parecia que intenção era fazer um trash com pitada de humor. Entretanto, na segunda parte da série, deu uma guinada. Os personagens e a história ficaram mais fluídos. Além, da disputa de poder para salvar a própria pele versus não se desumanizar. Estes tópicos são amplamente discutidos em outras obras de zumbis. Só que na segunda parte de Reality Z se aproxima da realidade brasileira, mostrando preconceitos sociais, econômicos, a violência do cotidiano e a corrupção incorporada na cultura do país. Enfim, recomendo a série, especialmente a segunda parte.

Como confiar sem privacidade e segurança? Filme Confiar(2011) https://www.youtube.com/watch?v=H75SX...

É dos personagens que mais me marcou no desenho Viagem de Chihiro. Faz-me refletir nos indivíduos invisíveis e sem identidade que vagam por aí em busca de afeto, além de abrigo. De uma certa maneira, tive uma identificação com o personagem; a procura de um lugar no mundo. Sem rosto faz uma jornada particular, ele tenta comprar os outros com ouro e até come outros personagens para preencher o vazio existencial que sentia. Entretanto, tenho receio de ter me “apropriado culturalmente” do personagem Sem Rosto, pois, é uma figura mítica japonesa. “ Kaonashi  (que  significa  "sem cara”) é um dos seres mais fantásticos do mundo dos deuses. É uma misteriosa figura meio transparente que se apresenta como um perigo para todos aqueles que se aproximam dele. Nunca fala e a sua única missão é a de prender a atenção das pessoas para depois as poder comer.” Hayao Miyazaki: A importância do vazio https://www.youtube.com/watch?v=j2gNoG2JrUU

" Por isso, o pobre tem que sofrer todas as dores do mundo. O pobre vem de Eva, a corruptível. Pobre não é evoluído para prosperar. O pobre desperdiça muito, vive o agora e sempre se fode. O pobre é preguiçoso. O pobre é uma praga. O pobre precisa ter aula de economia. Pobre não pode ter cartão de crédito. O pobre não pode sonhar de ir à Disneylândia. Por que o pobre ri constantemente? Fala alto? Por que precisa toda hora mostrar que existe, inferno? Para se redimir, o pobre precisa servir os que merecem fruir este vasto mundo. Diferente dos pobres, os ricos investem a longo prazo. São abençoados pelo Senhor, com excelentes frutos. O Senhor só ajuda quem empreende, gera riqueza e paga o maior dízimo. É a tal da meritocracia. O pobre para aprender isso, precisa morrer e viver várias vezes."

Quem é terrorista?   Mocinho?   Bandido?   Vencedor?   Perdedor? Predador? Presa? Quando escuta a frase “bandido bom é bandido morto”, qual indivíduo que você relaciona de imediato? Existe liberdade?   O que é ser livre?   O que é ser belo? Feio? Saudável?   Moral? Ética? Armas e guerras são necessárias?   Há uma verdade absoluta? Viver é diferente de morrer, realmente?   Qual o mais importante, razão ou emoção?   Existe Deus ou Deuses?   Ou todos os deuses são um? Não se pode discutir sobre política, religião e futebol, definitivamente? As leis são inquestionáveis, mas, os homens e mulheres que as elaboram, são incontestáveis? As relações hierárquicas de poder são naturais ou construídas socialmente e culturalmente pelos homens? O que é ser homem ou mulher? Alguém tem uma resposta definitiva para estas perguntas?